As Musas Que São Musas – Luanda Secreta

Joana Taya é uma artista Angolana, cada vez mais conhecida pelos seus retratos íntimos de cores (aparentemente) contrastantes, temas e cenários simbióticos, e de natureza bastante autobiográfica. Nesta nova série de obras intitulada Musas , em que oscila entre a figura individual e os pares (poderíamos argumentar parecerem uma só dada a proximidade constante uma da outra), Taya parece retratar pessoas sempre nuas. Mas, mais do que fisicamente nuas ou figuras eróticas, temas pouco exploradas na Arte Angolana, estes corpos estão espiritualmente desprovidas de capas, condicionamentos ou tabus. O trabalho de Taya não é para ser visto à distância e admirado com cerimónia. É um trabalho que nos convida à aproximação da tela e do assunto de forma a começar uma conversa mais íntima. O seu desejo não é fazer ou transmitir algo de frio e grandioso, mas sim promover a proximidade, o espiritual e o misterioso. E há muito mistério no quotidiano da Taya. Quanto mais conhcemos como algo é montado, mais nos podemos maravilhar!

Artista auto-didata, formada como designer gráfica e com vasta experiência como professora universitária, Taya discorda da ideia de que para fazermos um trabalho realmente conectado, teremos que nos ver como a única pessoa, pelo contrário, Taya acredita piamente que estamos todos interligados.

Na sua narrativa, Taya vai directo ao assunto e retrata corpos afectados e traumatizados pela vida e, consequentemente, mais resilientes e fortes por isso. Esta série parece literalmente incorporar a frase que aquilo que não nos mata, torna–nos mais fortes”. Como artista documental que é, mostrando sempre respeito, conhecimento e compaixão pelos seus assuntos, Taya usa os retratos para revelar sentimentos universais e mostrar que todos somos, de facto, seres humanos com esperanças, medos, amores e anseios, podendo todos nós, ultrapassar os maiores obstáculos e perigos, que se deparam pela frente. Esta filosofia vem-se agudizando há várias exposições individuais.

Como falado, Taya não se vê como uma pessoa individual, solitária; sempre tomou a decisão de sair de si mesma, de se conectar com outras pessoas, e, segundo Taya ”estando interligados, podemo–nos inspirar e curar colectivamente os nossos traumas”. Desta forma, esta exposição, é das ”Musas” que se tornam musas exotérmicas. Por conseguinte, a sua obra torna-se uma Musa para nós, o público. É visivel e sente-se, que Taya quer criar uma oportunidade real de sentir, de inspirar e talvez mudar algo na mente e no espírito do espectador.